quarta-feira, 26 de agosto de 2009

REDES SOCIAIS – A SOCIEDADE EM AÇÃO

I. REDE SOCIAL: conceito.
1. É uma forma de articulação da sociedade e suas diversas instituições representativas para tratamento de situações sociais complexas. Passa-se da intenção à ação quando várias instituições tornam-se parceiras e mobilizam-se em torno de idéias comuns, cada qual contribuindo com seu esforço e recursos próprios para realização de projetos comuns que visam a modificar a realidade e situações socialmente indesejáveis. Problemas sociais complexos são aqueles que colocam em risco o equilíbrio da sociedade e, para sua solução, não são suficientes ações isoladas de organizações públicas ou privadas. Rede de Compromisso Social não se cria por decreto ou instrumento formal: mobiliza-se.
2. É o sentido de cooperação entre pessoas semelhantes, autoconfiantes e determinadas, que vitaliza uma Rede de Compromisso Social. A participação em Redes Sociais faz-nos superar a irresponsabilidade e torna cada um de nós mais responsável, respeitador de si mesmo e criativo. O próprio processo de participação numa rede modifica os participantes, ao expandir a matriz de conexões de cada um deles.
3.- ROTARY CLUB. Sem o declarar, esta foi a visão que teve Paul Harris, quando, em 23 de fevereiro de 1.905, contando com outros três companheiros, fundou o primeiro clube rotário, e o tornou o embrião da primeira e grande Rede de Compromisso Social que é o Rotary International, uma organização dedicada à prestação de serviços humanitários e promoção da boa vontade e paz mundial, que congrega 1,2 milhão de líderes profissionais e empresários em mais de 165 países.
4.- De fato, hoje temos cerca de 31.000 Rotary Clubs, que implementam grande variedade de projetos de prestação de serviços, local e internacionalmente, enfocando assuntos como o combate à pobreza, saúde, fome e analfabetismo, bem como a defesa da saúde e do meio-ambiente.
5.- ACSP e a DISTRITAL DE SANTO AMARO. Paralelamente, e um pouco mais antiga que o Rotary International, eis que fundada em 07 de dezembro de 1.884, pelo coronel Antônio Proost Rodovalho e um grupo de empresários paulistanos, a Associação Comercial de São Paulo vem tendo destacada participação em todos os episódios importantes da vida da cidade de São Paulo, do Estado e do País.
6.- Assim, não foi por acaso que, na década de 50, quando São Paulo saboreava um momento de grande crescimento e se preparava para o seu IV Centenário, foram fundados o Rotary Club de Santo Amaro e a Distrital de Santo Amaro da ACSP. Realmente, o bairro de Santo Amaro, então, se transformava num importante pólo industrial e começava a atrair investimentos de multinacionais. O forte da região era ainda o comércio, e o acesso à “cidade”, como se dizia então, do centro era difícil.
7.- Por isso, em 08 de abril de 1.952, um grupo de empresários de Santo Amaro fundou o Rotary Club de Santo Amaro, por desmembramento do Rotary Club de São Paulo, seu clube padrinho, e, em 12 de novembro de 1.953, o mesmo grupo, com um a mais ou a menos, fundou a Distrital da ACSP, sendo o primeiro presidente de ambas as entidades o mesmo santamarense, MANOEL DA COSTA FARO.
8.- Desde então as duas entidades sempre se ativaram nas mesmas “ações que marcaram sua caminhada (da ACSP) não apenas em defesa dos interesses da classe empresarial e do desenvolvimento da economia, mas, também, por ações concretas em prol da coletividade”, conforme as palavras de Guilherme Afif Domingues
[1].
9.- DA PARCERIA NO SERVIR. Verifica-se, portanto, que a ACSP e o Rotary, cada qual segundo sua missão e objetivos, constituem Redes de Compromisso Social. Entre ambas existe um aglutinador invisível, imensurável e intangível que as mantém unidas. Esse aglutinador são os valores compartilhados. Os valores são os imãs que atraem as pessoas para a Rede e as mantém unidas. Os valores são forças unificadoras. As pessoas, numa Rede, mantêm os valores compartilhados pelas outras nesse network, muito embora valores não possam ser “mantidos” no sentido físico da palavra. Valores são os princípios pelos quais vivemos a perspectiva da vida que nossos pais e todas as outras instituições na nossa vida nos transmitiram, e que nós transmitimos para os nossos filhos.
10.- Assim, uma das missões mais importantes tanto de Rotary, quanto da ACSP, é a disposição de Servir. A junção de forças, em parceria construída sobre seus fundamentos sólidos e motivantes, construirá, por certo, o substrato para a realização do bem comum, o bem estar da coletividade, da comunidade a que servem.
11.- Segundo Rudolf Steiner, o grande formulador da Ciência Espiritual, a Lei Social Principal é a seguinte: “O bem de uma integralidade formada por pessoas que trabalham em conjunto será tanto maior quanto menos o indivíduo exigir para si os resultados de seu trabalho, ou seja, quanto mais ele ceder esses resultados a seus colaboradores, e quanto mais suas necessidades forem satisfeitas não por seu próprio trabalho, mas pelo dos demais”. Acrescenta ele que, todas as “instituições que, no âmbito de uma comunidade humana, contrariarem esta lei provocarão necessariamente, a longo prazo, miséria e penúria em algum lugar”.
12. A PROPOSTA – NRDC. Histórica, política e economicamente considerada a evolução da humanidade e das comunidades existentes, durante muito tempo responsabilizar o Estado pela solução de todos os problemas, era regra geral. Hoje, com um universo globalizado, altamente competitivo e desenvolvido tecnologicamente, “o Estado moderno está revendo sua posição” na medida em que “se vê forçado a repassar para a iniciativa privada, diversas tarefas que, até então, estavam sob sua responsabilidade”
[2].
13. Não nos cabe neste modesto trabalho, discutir os rumos do novo Estado nesse limiar do terceiro milênio, confrontando as teorias políticas pertinentes. Cabe-nos, sim, dizer que o Rotary, de acordo com sua visão e missão institucional, vem atuando, a margem do Estado, mas inserido no ordenamento jurídico internacional, apontando as formas como se pode realizar o bem coletivo, com seus instrumentos apropriados e um acendrado amor ao próximo.
14. Cabe-nos, pois, apontar a sociedade a forma como o Rotary pode ajudar a fazer, difundindo seu otimismo responsável e fincando a bandeira da paz, com uma visão de futuro fortalecida por esse poder de realização, já demonstrado através dos inúmeros programas executados, com o apoio de todas as organizações envolvidas no processo.
15. E entramos no objeto, propriamente dito, de nossa participação nesse mesmo processo: os chamados Núcleos Rotary de Desenvolvimento Comunitário. Trata-se de um programa da Avenida de Serviços à Comunidade que busca o envolvimento pessoal dos rotarianos com os problemas da comunidade, visando o encontro de soluções compartilhadas, de modo a oferecer a cada rotariano a oportunidade de "Dar de Si Antes de Pensar em Si", através da função e da responsabilidade social de cada um em melhorar a qualidade de vida dos membros de sua comunidade, servindo ao interesse público.
16. O propósito desse programa, portanto, é melhorar o padrão de vida individual e proporcionar bem-estar social encorajando os membros da comunidade a contribuir para o alcance desses objetivos dentro de um espírito de cooperação mútua.
17. Com esse propósito em mente, vejo na parceria ACSP-Rotary Club, o grande catalizador para a construção de um Núcleo de Desenvolvimento Comunitário em Santo Amaro, com o compartilhamento das experiências e disposições recíprocas, com a comunidade e com ela, incentivando e desenvolvendo um espírito de cooperação mútua, para detectar quais os programas que devem ser considerados como tendentes a proporcionar-lhe bem-estar social, contribuindo para que se torne realidade através de um projeto que seja executado e administrado pela própria comunidade, mediante o patrocínio, orientação e apoio da parceria construída.
12.- FINALIZANDO. Procuramos demonstrar que a nova sociedade que devemos cultivar neste terceiro milênio, para o bem de todos, deve se pautar pela participação solidária, cumprindo a Lei Social Principal a que se referiu Rudolf Steiner, conforme visto. Para tanto, devemos todos agir no sentido do trabalho em comunidade, passando da intenção para a ação social, através de uma Grande Rede de Compromisso Social. Essa Rede, pela associação de propósitos comuns, pode se constituir em um Núcleo de Desenvolvimento Comunitário, sob a liderança do Rotary e da ACSP, numa parceria para o Servir.
[1] In Diário do Comércio, suplemente especial, 7/12/2004.
[2] “Brasil Rotário”, outubro, 1996, pg. 25

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